Se você me pedir pra resumir, em uma palavra, o que eu considero mais importante no processo de fotografar (especialmente paisagens, sejam naturais ou urbanas), vou te dizer na lata: paciência. E falo isso em relação a todas as etapas. Todas mesmo! Pra planejar, pra clicar, pra editar. Daria pra fazer uma análise cabulosa sobre o tema, mas vou encurtar um pouco a história falando sobre a execução desta foto aqui.
Eu perdi a conta de quantas vezes tentei fazer uma imagem decente desse lugar. Pra quem não conhece, esta é a Catedral Metropolitana de Vitória. Prédio de uma beleza muito particular, tanto na parte externa quanto no interior. Bom, ao longo dos últimos anos eu tentei fotografar essa bendita de tudo que é jeito que você imaginar. De frente, pela lateral, mais de perto, mais de longe. Pela manhã, à tarde, à noite. Mas nunca fiquei satisfeito com o resultado.
A “treta”
A catedral fica num ponto do Centro de Vitória com muitos prédios ao redor. E prédios muito próximos. A fachada dela é uma de suas características mais marcantes (senão a mais marcante). E para enquadrar a fachada, sem pegar muita “poluição visual”, nem distorcer demais as linhas do prédio, é preciso se posicionar num ponto muito específico. Desse ponto, surgem algumas implicações. Se você tenta fazer a foto na parte da manhã, vai pegar o sol contra (atrás da catedral). Se tenta fazer à tarde, os prédios que ficam na frente dela vão projetar sombra bem no meio da fachada. Na metade do dia, o sol não está contra e também não tem sombra de prédio na fachada. Afinal, ele tá bem em cima. Só que aí a luz é muito forte, com muito contraste. No linguajar da fotografia, uma luz muito “dura”.
O que eu queria
Pra algumas propostas de foto, essas condições aí não atrapalhariam em nada. Mas pra imagem que eu queria fazer, isso era um desafio e tanto. Eu queria a fachada sem sombra de prédio no meio dela, e que o céu atrás aparecesse também (porque gosto muito do contraste das cores da fachada e do céu). Além disso, queria menos contraste entre as áreas iluminadas e as com sombra. E pra chegar a isso eu precisaria das seguintes condições: primeiro, fotografar na metade do dia; segundo, pouca (ou nenhuma) nuvem atrás da catedral; terceiro, uma determinada quantidade de nuvem na frente do sol, suficiente pra suavizar a luz, deixando as áreas iluminadas e as áreas de sombra da fachada mais equilibradas. E o mais difícil: tudo isso acontecendo ao mesmo tempo!
Resultado
Foram algumas viagens perdidas ao Centro e sei lá quantas horas de espera. Mas, depois de muita teimosia e de uma certa mãozinha de São Pedro e todos os demais santos envolvidos em condições climáticas, consegui. Sem contar que algumas traquitanas também ajudaram bastante no processo. Esse efeito de “borrado” das nuvens no céu, por exemplo, foi um extra que consegui usando uma dessas parafernalhas.
Que saga, né? Mas, posso te falar? Faria tudo de novo. Sem mimimi e sem me preocupar com o tic-tac envolvido nisso.
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