“Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”. Não tenho nada contra esta frase. Nem a favor. Muito pelo contrário. Mas precisa ser revista. Hoje, o mais adequado seria: Deus acima de tudo. E só. “Ah, mas e o Brasil?” Meu amigo. O Brasil não tá acima nem da Argentina, nessa altura do campeonato. Que, no caso, é o final do campeonato. E isso diz muito. Primeiro: Deus não deve ser brasileiro. Só brasileiro torceu contra a inédita conquista de Lionel Messi pelo país dele. Se o país dele não é o Brasil, azar o nosso. Ou sorte dele, sei lá. Se você acredita, nem que seja um pouquinho só, em Deus, já deveria saber que esse título seria da Argentina. Bobo foi o Brasil, de: fazer pirracinha pra Copa América ser aqui; se esforçar pra chegar na final; perder pra maior rival; e ser constrangido, outra vez, dentro do Maracanã. Sei nem qual seria a melhor palavra pra descrever isso. Teimosia? Toupeirice? Castigo? Castigo divino, talvez? Seria o universo nos dando lições e apontando sinais? “Ah, mas o Cristiano Ronaldo é melhor que o Messi”. Ê, mania de querer eleger um zero um em tudo, hein? Messi é Messi. Cristiano Ronaldo é Cristiano Ronaldo. Um é 10. O outro é 7. Num sonoro, energético e implacável 10/7 (de 2016), na Europa, o 7 fez muitos gritarem. Agora, em outro 10/07 (talvez místico, imaterial, extraterreno), aqui na América, o 10 fez muitos se calarem. Quem é o melhor? Não é problema meu. São duas criaturas igualmente catalogadas como aberrações. Talvez… Mitos? Agora, imagina se inventam um mirabolante e curioso projeto genético que misture a força mental e física do CR7 com a magia metafísica do M10. O sete mais o dez. Um delirante e insuportável dezessete! Credo. Dá até um frio na espinha imaginar algo assim. Infelizmente (e felizmente também) a chance de um projeto desse tipo dar certo aqui no Brasil é zero. Ou você acredita que o brasileiro tradicional é o tipo de pessoa que aceitaria bem a ideia de alguém ser filho de dois pais homens? Parece até papo de doido, eu sei. Mas, como diria Galvão Bueno: “É só futebol”. Outra frase que não tenho nada a favor. Nem contra. Muito pelo contrário.
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